Infelizmente, estou passando por um novo período de luto, perdi meu pai há três anos e há três meses minha mãe. A saudade é inevitável, as lembranças serão inesquecíveis e os ensinamentos que eles deixaram são minhas maiores riquezas.

Como empresária, ainda me recuperando da crise, estou atolada de trabalho e pouca inspiração para escrever artigos, mesmo adorando dissertar sobre vários temas. Porém, sou colunista desta revista na Secção Empreender e me sinto a vontade para compartilhar este momento saudoso com os leitores. Afinal, empresários e executivos muitas vezes fazem “malabaris” para equilibrarem suas atividades profissionais com a vida pessoal. Principalmente para as pessoas que reconhecem a importância do convívio familiar, pois usam os ensinamentos dos pais, avós, tios, entre outras pessoas, que contribuíram com a formação da sua personalidade e caráter. Infelizmente, nem todas as pessoas têm a sorte de ter uma família que sirva de exemplo e muitas não se conformam com a falta desta base familiar, sofrem muito, mas crescem trazendo consigo sonhos e determinação de que quando formarem suas famílias valorizará a educação familiar.

Sou de uma família humilde, meus pais foram lavradores e pequenos comerciantes. Mesmo enfrentando muitas dificuldades para criar seus filhos, amor e dedicação nunca faltaram no seio familiar. Em especial, agradeço aos meus pais, José Paulino Ribeiro e Joana L. Ribeiro, (in memoriam) pela minha vida e por tudo que sou. Mesmo em pensamento, eles estão presentes nas horas que preciso de “colo”. Horas estas de desafios e obstáculos do cotidiano, onde elevo meus pensamentos no método de educação que meus pais utilizaram para criar seus doze filhos. É mais que um método, é uma filosofia de vida, que eles receberam dos meus avôs e repassaram para seus filhos, netos e muitos amigos da família. Segundo eles, a base do sucesso do ser humano está pautada no mínimo em oito princípios: respeitar o próximo, honestidade, humildade, valorizar a família, valorizar o trabalho independente do cargo, ter vários sonhos, colocar amor em tudo que se faz e ter fé em Deus, independente da religião de cada um.

Com estes princípios em mente sempre encontro energia e determinação para seguir e conquistar meus objetivos e sonhos, sempre! Afinal, meus pais tiveram uma linda passagem na terra e cumpriram suas missões com muito amor e competência.

Ainda estou me refazendo da perda da minha mãe junto com meus familiares, pois amor e saudades serão sentimentos eternos. Afinal, eles foram exemplos de vida para a grande família, além de guerreiros e amigos. Praticaram o exercício da liderança servidora mostrando como devemos superar os desafios das trilhas da vida. Foram seres humanos que fizeram a diferença e merecedores de muito orgulho dos filhos, netos, bisnetos, familiares e muitos amigos.

Sei que a dor que sinto vai minimizar com o tempo, pois isto aconteceu também quando passei pelo luto do meu pai em 2008. Conforto-me com os ensinamentos que recebi e as sementes plantadas em mim, pois sempre me pego fazendo coisas que aprendi como eles. Guardo na lembrança os ótimos, bons e difíceis momentos que passamos junto, pois serviram de exemplos ou lição de vida. Nada foi em vão, pois eles foram meus grandes mentores.

Como a revolução da humanidade, vários modelos que serviam como referências foram sumindo e a falta de habilidades e competências dos seres humanos para lidar com a diversidade global e as diferenças das gerações Baby Boomers, X, Y e Z, vêm afetando negativamente a humanidade. Portanto, defendo que a liderança e educação familiar deverão ser valorizadas e resgatadas. Afinal, elas estão ficando cada vez mais fragilizadas e seus reflexos estão visíveis em vários comportamentos e atitudes dos seres humanos, e se nada for feito, tenderão aumentar negativamente ao longo dos anos. Portando, os pais devem refletir sobre a importância de seus papéis e assumirem as responsabilidades dos ensinamentos familiares, para que seus filhos somem os mesmos com os externos e se tornem seres humanos melhores. Afinal, os pais podem ter também um papel decisivo na formação do espírito empreendedor dos filhos, seja ele para atuar em uma empresa ou administrar seu próprio negócio. Todos têm potenciais, mas muitos precisam ser estimulados e exercitados para aflorar, desenvolver e aperfeiçoar. E a família – mais do que o sistema de ensino e a  escola da vida – é a fonte primordial de incentivo para o desenvolvimento e aperfeiçoamento do ser humano, principalmente até a independência pessoal, profissional e financeira. Afinal, educar e formar um filho para que ele seja um profissional diferenciado, um ser humano líder e espelho ou um empreendedor de sucesso, é o sonho da maioria dos pais. Para alcançarem esta meta, a missão dos pais e dos filhos é desafiadora e dependem muito mais das atitudes dos pais, que têm muitas experiências de vida, do que dos filhos que na fase de formação querem mais curtir os momentos bons da vida.

Existem vários conceitos de profissionais competitivos, de estilos de lideranças, empreendedores etc. Entre todos, o de liderar pelo exemplo, que a meu ver, é o mais eficaz. Convido você a refletir sobre os ensinamentos familiares que recebeu e sobre o estilo de liderança familiar que desenvolveu, pois caso ele esteja fragilizado, mãos a obra e construa o seu modelo. Afinal, o ser humano que se considera um eterno aprendiz, nunca será tarde para aperfeiçoar o seu A.C.H.E. (Atitudes, Conhecimentos, Habilidades e tudo com muito Entusiasmo).

Aos meus grandes líderes e com muito amor, obrigada por tudo.

Helena Ribeiro é Colunista da Revista Clube de Empreendedores, e este artigo  foi publicado na Edição de Abril de 2011.

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